24.7.08

EXPERIMENTAR DEUS






Leonardo Boff escreveu-me: Jorge Matheus, sinta Deus no coração. E concluiu: Experimentar Deus não é pensar sobre Deus. É sentir Deus a partir do coração puro e da mente sincera. Experimentar Deus é tirar o mistério do universo do anonimato e conferir-lhe um nome, o de nossa reverência e de nosso afeto. Experimentar Deus é desenvolver a percepção bem-aventurada de que, na radicalidade de todas as coisas, Deus, universo, pessoa humana são um só mistério de eternecimento e de amorosidade que irrompeu em nossa consciência, fez histórias, ganhou sua linguagem e culminou na alegre celebração da vida.
Experimentar Deus não é pensar em Deus, mas sentir Deus com a totalidade de nosso ser. Experimentar Deus não é falar de Deus aos outros, mas falar de Deus junto com os outros. Deus perspassa toda a realidade. Pode, por isso, ser percebido e experimentado nas mais diferentes situações da vida e em cada detalhe da vida pessoal e do universo.
Embora sem nome adequado, Deus arde em nosso coração e ilumina nossa vida. Então não precisamos mais crer em Deus. Simplesmente sabemos dele porque o experimentamos.

A montanha é montanha.
A montanha não é montanha.
A montanha é montanha.

Experimentar Deus...
é percorrer repetidas vezes esse trajeto... que não será sempre o mesmo, porque a percepção do viajante vai se alterando, aprofundando. Não há contradição. Há sim a liberdade de experimentar a Presença que se revela em todas as coisas, em todas as circunstâncias, em todas as pessoas. É experimentar a Presença que se vela, que se retrai, mas que é Presença. Experimentar Deus... é experimentar o mistério. É estar vivo.

(Leonardo Boff é um dos mais conhecidos teólogos da libertação e conferencista requisitado internacionalmente. É professor emérito de Ética, Filosofia da Religião e Ecologia na Universidade Estadual do Rio de Janeiro. Escreveu mais de sessenta livros nas áreas de teologia, espiritualidade, ecologia, filosofia, antropologia e mística, que foram traduzidos para várias línguas.)

Com amor, Axé!
Jorge

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